segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

It`s all about love


Some people say:
"It`s all about love. We´re either in love, dreaming about love, recovering from it, wishing for it, or reflecting on it..."

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ecce Homo


Hoje lavo as mãos como Pôncio Pilatos.
A amargura das acções excede a putrefacta inércia do conformismo.
Da tosca parálise ergue-se a urgência de agitar as mágoas.
De romper a ferida pelas costuras e a sarar, de uma vez por todas.
De as beber (as mágoas, digo), citramente, tantas quantas brotaram em raiz por anos devastados a inspirações idílicas, a complexos messiânicos, lúgubres mentiras cuspidas em face e bandeira.
A redenção consumi-las-á cegamente.
Resignar-me-ei à paz de espírito e verga-la-ei (a ela e aos que ma obrigaram) pela crude realidade que tão tormentosamente transbordou o copo.
Enfrenta-la-ei em demónio possuído e quando a verdade escorrer pela calçadas das ruas como o transtorno que hoje me incitam, então ecce hommo descansará.
Sábio, egoísta e tranquilo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Panda once said

Yesterday is history,
Tomorrow is a mistery,
but today's a gift,
and that's why it's called Present

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sábado, 19 de setembro de 2009

Duríade

Taciturno na calçada, conspiro o firmamento.

A alva que me purga as veias, a mente, os sentidos, já não é a mesma que me viu condensar a neblina nas mui antigas madrugadas de Solstício.

Anseio o eco do granito, o passo certo, carismático, inabalável em espírito e melódico em tom. Quero ver mais uma vez o véu asa-de-corvo a lacerar a mágoa dos candeeiros, entretecendo os braços em resguardo ao sobretudo.

Inexorável, transparece a nostalgia, o profundo abandono, à muito abismada em águas de jasmim, tão serenas como ela. Sei-lhe de cor as perfeições da face, o sorriso paradoxal, que suga a dor de alma como o Diabo a rouba.

Ò musa da Meia-Noite, concede-me mais um vislumbre… um sorriso… uma valsa… um beijo… que me custa ter o fruto na mão, e vê-lo amargurar pela calçada fora.

Pelas muralhas um ressoo. Foge-me um batimento, o ar frio dos pulmões crepita na chama da lanterna.

Tudo o que sonho.

Talvez mais.

Só tu.

Divina

Gundisalvum Jacob, "Nervura Urbana"

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Obrigado

Sabes, quanto mais te conheço mais dou graças por aquela remota madrugada de Fevereiro em que deixei de te ver e passei a observar.
Sobressais uma parte de mim que me orgulha.

(Estranhamente, parece que te conseguiste tornar numa parte daquilo que sou. Na pessoa que sou... só te tenho a agradecer por isso)

(04-08-2009)

terça-feira, 28 de julho de 2009


I would rather be ashes than dust!
I would rather that my spark should burn out in a brilliant blaze than it should be stifled by dry-rot.
I would rather be a superb meteor, every atom of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent planet.
The function of man is to live, not to exist.
I shall not waste my days trying to prolong them.
I shall use my time.

Jack London, Credo

domingo, 26 de julho de 2009

White Fang



A floresta de abetos negros engelhava-se em ambas as margens do curso de água gelado. As árvores tinham sido despojadas do manto branco de gelo por um vento recente, e pareciam inclinar-se umas sobre as outras, negras e ameaçadoras à luz que se extinguia. Um silêncio reinava sobre a terra. A própria terra era desolação, sem vida, sem movimento, tão solitária e fria que o seu sentimento nem sequer era tristeza. Nela existia um vestígio de riso mais terrível do que qualquer tristeza - um sorriso mortiço como o sorriso da Esfinge, um riso frio como gelo e semelhante à intransigência da certeza. Era a soberania prepotente e incomunicável da eternidade a rir-se da futilidade e esforço da vida. Era o Selvagem, o bravio, o Norte Selvagem de coração gelado.

Jack London , "White Fang"

segunda-feira, 20 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009


Pulchritudo in oculis aspicientis est

sábado, 27 de junho de 2009

Nómadas do Outro


É assim que respira (nele), assim que propaga
o dia no seguinte como um mapa aberto
para o tempo. Não é disso que se morre:
de não haver explicação para o que sabe (ela).
A morte deve ser outra coisa que inventámos:
dar um nome ao que falta, salvar alguém de costas.
Ela volta o rosto (nas mãos dele) atira os olhos
ao chão para sentir a pedra, a larva no copo,
o cheiro da página no livro aberto a meio.
Sente o cheiro (dele?) nessa folha.
Pergunta onde estará no próximo capítulo como se escrever
o adiasse. Salta as páginas, tropeça num amor
que desconhece. Um, nómada do outro,
andam pelos dias colados à pele que despem
à tardinha. Um órgão, um sentimento, uma linha
em verso: tudo se confunde num só corpo.
Beija-lhe o pé (que agora é ela),
faz a cintura com as mãos, desfaz as pernas
com a exactidão dos dentes. Rangem as entranhas,
arrancada a carne pelos cabelos, e adormecem esventrados
nos sabores do verão. Mas não é a morte
que destece o corpo. A morte é o que inventámos
para não cuidarmos dela. Nómadas de tudo
(e mesmo deles) saltam com rãs sobre cerejas.
Parece dia no lençol caído, o dia a levantar-se
em desalinho com um beijo colado na dobra.
O risco da língua na pele (por dentro dela) é o risco
que correm os dias de se tornarem só belos.
Página ilegível. Tingida pela carne das cerejas.
Suada até à última letra, ao primeiro gemido
(que arde deles) na almofada da manhã seguinte.
Rosa Alice Branco

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sabes o que é esquecer?

Claro que sabes, não era essa a minha pergunta... Referia-me à complexidade do acto em si,à frieza intrínseca no processo.
O esquecimento mundano substituido por uma oxidação dos pensamentos, memórias pela gravinha do tempo.
Sempre me disseram que tinha boa memória.Infelizmente esqueci-me quem o disse primeiro. Fui diagnosticado com memória fotográfica. Uma aptidão para realçar o pó nas esculturas e os números nas paginas.
E isso mesmo despoletou este fio de pensamento.

O facto importante é que me esqueço.
Não o esquecer banal, da inércia mental dos recantos. É mais um coamento encefálico, uma permeabilidade cognitiva que prospecta as cinzas, colhendo os pedaços mais carbonizados e incrustados de espinhos.
Aí a própria matéria sangra, cinzalhante.
Contrariando a daguerreotipia da minha mente, algo consome-me o Rasto. Certas cicatrizes podem custar a ser ganhas, talvez até merecidas, mas no final, lá se encontra estre prospector, étereamente vigilante e imperceptível ,
subrepticiamente sublimando retalhos.
Mas nada é eterno. A matéria mantem-se. As cinzas voltam sempre à chama. A ferrugem volta sempre ao metal. o pó volta sempre ao todo. A ferida é para ser tocada, remexida, reaberta, vezes sem conta até se ter aprendido a exilá-la.
Dou graças a este processo. Se o empirismo racional não nos ensina, decerto caberá à mente impôr a vergastada na espinha da Humanidade.
A imunologia da memória, quem diria.

Se olhares com atençao, verás o mesmo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

«Ai, a lua que no céu surgiu, não é a mesma que te viu nascer nos braços meus. Cai, a noite sobre o nosso amor e agora só restou do amor uma palavra: Adeus. Ai, vontade de ficar mas tendo que ir embora... Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora, é reflectir na lágrima, um momento breve de uma estrela pura cuja luz morreu numa noite escura, triste como eu.»

Vinicius de Moraes