domingo, 26 de julho de 2009

White Fang



A floresta de abetos negros engelhava-se em ambas as margens do curso de água gelado. As árvores tinham sido despojadas do manto branco de gelo por um vento recente, e pareciam inclinar-se umas sobre as outras, negras e ameaçadoras à luz que se extinguia. Um silêncio reinava sobre a terra. A própria terra era desolação, sem vida, sem movimento, tão solitária e fria que o seu sentimento nem sequer era tristeza. Nela existia um vestígio de riso mais terrível do que qualquer tristeza - um sorriso mortiço como o sorriso da Esfinge, um riso frio como gelo e semelhante à intransigência da certeza. Era a soberania prepotente e incomunicável da eternidade a rir-se da futilidade e esforço da vida. Era o Selvagem, o bravio, o Norte Selvagem de coração gelado.

Jack London , "White Fang"

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