sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sabes o que é esquecer?

Claro que sabes, não era essa a minha pergunta... Referia-me à complexidade do acto em si,à frieza intrínseca no processo.
O esquecimento mundano substituido por uma oxidação dos pensamentos, memórias pela gravinha do tempo.
Sempre me disseram que tinha boa memória.Infelizmente esqueci-me quem o disse primeiro. Fui diagnosticado com memória fotográfica. Uma aptidão para realçar o pó nas esculturas e os números nas paginas.
E isso mesmo despoletou este fio de pensamento.

O facto importante é que me esqueço.
Não o esquecer banal, da inércia mental dos recantos. É mais um coamento encefálico, uma permeabilidade cognitiva que prospecta as cinzas, colhendo os pedaços mais carbonizados e incrustados de espinhos.
Aí a própria matéria sangra, cinzalhante.
Contrariando a daguerreotipia da minha mente, algo consome-me o Rasto. Certas cicatrizes podem custar a ser ganhas, talvez até merecidas, mas no final, lá se encontra estre prospector, étereamente vigilante e imperceptível ,
subrepticiamente sublimando retalhos.
Mas nada é eterno. A matéria mantem-se. As cinzas voltam sempre à chama. A ferrugem volta sempre ao metal. o pó volta sempre ao todo. A ferida é para ser tocada, remexida, reaberta, vezes sem conta até se ter aprendido a exilá-la.
Dou graças a este processo. Se o empirismo racional não nos ensina, decerto caberá à mente impôr a vergastada na espinha da Humanidade.
A imunologia da memória, quem diria.

Se olhares com atençao, verás o mesmo.

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