sábado, 19 de setembro de 2009

Duríade

Taciturno na calçada, conspiro o firmamento.

A alva que me purga as veias, a mente, os sentidos, já não é a mesma que me viu condensar a neblina nas mui antigas madrugadas de Solstício.

Anseio o eco do granito, o passo certo, carismático, inabalável em espírito e melódico em tom. Quero ver mais uma vez o véu asa-de-corvo a lacerar a mágoa dos candeeiros, entretecendo os braços em resguardo ao sobretudo.

Inexorável, transparece a nostalgia, o profundo abandono, à muito abismada em águas de jasmim, tão serenas como ela. Sei-lhe de cor as perfeições da face, o sorriso paradoxal, que suga a dor de alma como o Diabo a rouba.

Ò musa da Meia-Noite, concede-me mais um vislumbre… um sorriso… uma valsa… um beijo… que me custa ter o fruto na mão, e vê-lo amargurar pela calçada fora.

Pelas muralhas um ressoo. Foge-me um batimento, o ar frio dos pulmões crepita na chama da lanterna.

Tudo o que sonho.

Talvez mais.

Só tu.

Divina

Gundisalvum Jacob, "Nervura Urbana"

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