Hoje lavo as mãos como Pôncio Pilatos.
A amargura das acções excede a putrefacta inércia do conformismo.
Da tosca parálise ergue-se a urgência de agitar as mágoas.
De romper a ferida pelas costuras e a sarar, de uma vez por todas.
De as beber (as mágoas, digo), citramente, tantas quantas brotaram em raiz por anos devastados a inspirações idílicas, a complexos messiânicos, lúgubres mentiras cuspidas em face e bandeira.
A redenção consumi-las-á cegamente.
Resignar-me-ei à paz de espírito e verga-la-ei (a ela e aos que ma obrigaram) pela crude realidade que tão tormentosamente transbordou o copo.
Enfrenta-la-ei em demónio possuído e quando a verdade escorrer pela calçadas das ruas como o transtorno que hoje me incitam, então ecce hommo descansará.
Sábio, egoísta e tranquilo.